E EIS QUE, TENDO DEUS DESCANSADO NO SÉTIMO DIA, OS POETAS CONTINUARAM A OBRA DO CRIADOR.
(MÁRIO QUINTANA)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MUDANÇA DE CASA

MUDANÇA DE CASA

Minhas amigas e meus amigos,
Este blog, «Olhai os Lírios do Macuá», vai mudar-se para A CASA DA MARIQUINHAS ,
onde serão publicados os posts (de poesia) respeitantes ao «LÍRIOS», a partir do próximo dia 02/12/2010, quinta-feira.

Espero lá as vossas visitas, que antecipadamente agradeço.

E, se quiserem fazer-se seguidores de lá… dar-me-ão um grande prazer, na medida em que este blog vai encerrar as suas portas por tempo indeterminado.

Muito obrigada pela vossa compreensão.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A UM LIVRO

(Foto minha – Alentejo – Alqueva)


A UM LIVRO

Florbela Espanca

No silêncio de cinzas do meu Ser

Agita-se uma sombra de cipreste,

Sombra roubada ao livro que ando a ler,

A esse livro de mágoas que me deste.

Estranho livro aquele que escreveste,
Artista da saudade e do sofrer!
Estranho livro aquele em que puseste

Tudo o que eu sinto, sem poder dizer!


Leio-o, e folheio, assim, toda a minh’alma!

O livro que me deste é meu, e salma
As orações que choro e rio e canto! ...

Poeta igual a mim, ai quem me dera

Dizer o que tu dizes! ... Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto! ...


Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"


Florbela Espanca

8 de Dezembro de 1894.
Dezembro de 1930

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O MOSTRENGO

Permitam-me que dedique esta postagem ao Amigo Vitor Chuva, satisfazendo a sua preferência, expressa no comentário ao meu post “A Senhora Duquesa de Brabante”:

“Por razões óbvias, o meu poema favorito é o "mostrengo", que é uma outra forma de descrever uma época dourada da nossa história.”


O Mostrengo
Óleo sobre tela por Carlos Alberto Santos





Ligue o som, e acompanhe o saudoso João Villaret, declamando este belo poema de Fernando Pessoa.


O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

MARIAZITA, UM POEMA DE DANIEL

O meu prezado amigo Daniel Cordeiro teve a gentileza de compor, para mim, um lindo poema.
Como prova de gratidão partilho-o convosco, demonstrando, assim, a grande admiração que o Daniel me merece, tanto como pessoa lutadora e valorosa que é, como poeta inspirado, autor de tantos e tão bonitos poemas.
Obrigada, Daniel!



MARIAZITA

Mulher de segurança
Seguro pêndulo
Inspira confiança
Sempre serena e activa
Ou não fosse do ciclo balança
Vive nos arredores de Lisboa
Deambulará pela capital
Quem a não viu, não viu coisa boa
Esse atributo não lhe falta
É de crer que esteve na Madragoa
A beleza do atributo
Não cairia na lama
Também andaria nos becos
Nos becos da velha Alfama
Ali pelas vielas estreitinhas
Por onde andou a moirama
Por isso a elegante
A mulher de cultura
Séria e interessante
A um tempo séria e divertida
Mulher atraente
Respira amor à vida
Mariazita mulher deste tempo
Mostra-se desinibida
Mostra o seu talento
Mulheres de mente forte
Sempre serão alento
Oh Mariazita
Aprender contigo tento

Daniel Costa

Poema de Daniel Costa publicado no blog “POEMA DE UM HOMEM SÓ”, em 26/09/10

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

REENCONTRO


(Foto minha)

REENCONTRO

De repente surgiu o desejo,
de fazer-te um poema.
Dizer-te, por palavras,
Neste nosso reencontro,
O que um simples olhar
Não teria força para expressar.

Quisera, haver em mim, beleza
Para te dar.
Mas a imagem, pelo espelho reflectida,
Mostra que o tempo passou
E não parou.
E como passou!

Para este nosso reencontro
Insinuaste um sinal,
Temendo estragos que o tempo tenha feito.

“Talvez de flor ao peito”…
Gracejaste, recordando tempos idos,
em que fingíamos ser desconhecidos.

Havia ironia na tua voz,
Brincavas.

Ironia maior a do destino,
Que nas marcas deixadas pelo tempo,
Não deixou espaço para o esquecimento.

Maispa
Luz

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

REGRESSO AO LAR

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Sem qualquer motivo aparente há dias veio-me à ideia este poema de Guerra Junqueiro que, quando era menina e moça, decorei. Já só me lembrava das duas primeiros estrofes; o resto tinha-se perdido nos escaninhos da memória…
Fui à Net e consegui encontrá-lo na íntegra.
Espero que vos agrade tanto quanto a mim.

REGRESSO AO LAR

Ai, há quantos anos que eu parti chorando
Deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
Canta-me cantigas para me eu lembrar!...

Dei a volta ao mundo, dei a volta á Vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh! ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida,
Canta-me cantigas de me adormentar!...

Trago d'amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
Canta-me cantigas para me embalar!...

Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
Pedrarias d'astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...

Como antigamente, no regaço amado,
(Venho morto, morto!...) deixa-me deitar!
Ai, o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...

Canta-me cantigas, manso, muito manso...
Tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
Que a minh'alma durma, tenha paz, descanso,
Quando a Morte, em breve, m'a vier buscar!...

Guerra Junqueiro , 1890


(17.09.1850 – 07.07.1923)

Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta e faleceu em Lisboa.
Foi bacharel em Direito formado pela Universidade de Coimbra, político (deputado), jornalista, escritor e poeta.
Poeta panfletário, a sua poesia ajudou criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República.
Deixou-nos obras de grande vulto, das quais me permito destacar “A Velhice do Padre Eterno”, de que gosto imenso, e que inclui o conhecido poemeto “O Melro”:

“O Melro, eu conheci-o: Era negro, vibrante, luzidio, madrugador, jovial; começava a soltar, d’entre o arvoredo verdadeiras risadas de cristal. E assim que o padre-cura abria a porta que dá para o passal, repicando umas finas ironias, o melro, d’entre a horta dizia-lhe: “bons dias!” E o velho padre-cura não gostava daquelas cortesias.” - Uma verdadeira delícia!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

TU ME QUIERES BLANCA





TU ME QUIERES BLANCA
Ligue o som, acima, e acompanhe este poema, um verdadeiro grito anti-machismo, na voz e jeito inconfundível de dizer, do insubstituível João Villaret


TU ME QUIERES BLANCA

Tu me quieres blanca
Me quieres de nácar ,
Me quieres de espumas.
Que sea azucena
Sobre todas, casta.

De perfume tenue.

E Corola cerrada


Ni un rayo de luna
Filtrada me haya.

E una margarita

Seria mi hermana.
Tú me quieres nívea,

Tú me quieres blanca,

Tú me quieres casta.


Tú! que hubiste todas

Las copas a mano,
De frutos y mieles
Los labios morados.
Tú que en el banquete
Cubierto de pámpanos
Dejaste las carnes
Festejando a Baco.

Tú que en los jardines

Negros del Engaño
Vesti
do de rojo
Corriste al Estrago.
Tú que el esqueleto

Conservas intacto

No sé todavía
Por cuáles milagros,
Me pretendes blanca
(Dios te lo perdone),
Me pretendes nívea
(Dios te lo perdone),
Me pretendes casta!


Huye hacia los bosques,

Vete a la montaña;
Límpiate la boca;

Duerme en las cabañas;

Toca con las manos

La tierra morada;
Alimenta el cuerpo
Con raíz amarga;
Bebe de las rocas;
Duerme sobre escarcha;
Renueva tejidos
Con salitre y agua;

Habla con los pájaros
Y lévate al alba.


Y cuando las carnes
Te sean tornadas,

Y cuando hayas puesto

En ellas el alma
Que por las alcobas
Se quedó enredada,

Entonces, buen hombre,
Preténdeme nívea,

Preténdeme blanca,

Preténdeme casta.


Alphonsina Storni

(29.05.1892 – 25.10.1938)

Filha de pais argentinos, nascida na Suíça, imigrou com os seus pais para a província de San Juan na Argentina em 1896. Em 1901, muda-se para Rosario, (Santa Fé), onde tem uma vida com muitas dificuldades financeiras. Trabalhou para o sustento da família como costureira, operária, atriz e professora.
Descobre-se portadora de câncer de mama em 1935. O suicídio de um amigo, o também escritor Horacio Quiroga, em 1937, abala-a profundamente.
Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir”.
Consta que se suicidou andando para dentro do mar — o que foi poeticamente registrado na canção "Alfonsina y el mar", gravada por Mercedes Sosa; seu corpo foi resgatado do oceano no dia 25 de outubro de 1938. Alfonsina tinha 46 anos.
Escreveu poesia, ensaios, teatro e teatro infantil

quarta-feira, 28 de julho de 2010

TERNURA

Há anos atrás, era eu uma jovenzinha, li, não sei onde, um poema de que gostei tanto que o decorei e não mais o esqueci. Mas desconhecia quem o tinha escrito.
Há dias, não sei porquê, esse poema veio-me à ideia. Resolvi investigar na Net e descobri o seu autor: Reinaldo Ferreira.
Partilho convosco este poema de que gosto imenso.


SEI QUE A TERNURA


Sei que a ternura
Não é coisa que se peça
E dar-se, não significa
Que alguém a queira ou mereça

Estas verdades
Que são do senso comum
Não me dão conformação
Nem sentimento nenhum
De haver força e dignidade
Na minha sabedoria

Eu preferia
Sinceramente preferia
Que, contra as leis recolhidas
No que ficou
Dos destroços de outras vidas,
Tu me desses
A ternura que te peço
Ou que, por fim,
Reparasses que a mereço.

Reinaldo Ferreira

(1922 – 1959)

Reinaldo Ferreira nasceu em Barcelona em 20 de Março de 1922 e faleceu em Moçambique em Junho de 1959.
Teve uma vida breve e pouco bafejada pela sorte. Iniciou os estudos secundários em Espanha, tendo-os concluído já em Moçambique, onde se fixou. Colaborou em algumas publicações da antiga Lourenço Marques (actual Maputo).
A sua poesia só ficou conhecida aquando da publicação póstuma dos seus “Poemas”, em 1960.
(Poemas, Imprensa Nacional de Moçambique, Lourenço Marques, 1960)
Em 1966 uma segunda edição teve prefácio de José Régio que, tal como Vitorino Nemésio, lhe teceu grandes elogios.
O seu legado como poeta é muito reduzido, não só porque a sua vida foi muito curta mas também porque o seu verdadeiro interesse era o teatro. Muito seria de esperar neste capítulo, mas para tanto lhe foi pouca a vida.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

CANTIGA DOS AIS

CONFIRME SE TEM O SOM LIGADO

Os ais de todos os dias
Os ais de todas as noites
Ais do fado e do folclore
O ai de ó ai ó linda
Os ais que vêm do peito
Ai pobre dele coitado
Que tão cedo se finou
Os ais que vêm da alma
Ais d'amor e de comédia
Ai pobre da rapariga
Que se deixou enganar
Ai a dor daquela mãe
Os ais que vêm do sexo
Os ais do prazer na cama
Os ais da pobre senhora
Agarrada ao travesseiro
Ai que saudades saudades
Os ais tão cheios de luto
Da viúva inconsolável
Ai pobre daquele velhinho
Ai que saudades menina
Ai a velhice é tão triste
Os ais do rico e do pobre
Ai o espinho da rosa
Os ais do António Nobre
Ais do peito e da poesia
Os ais doutras coisas mais
Ai a dor que tenho aqui
Ai o gajo também é
Ai a vida que tu levas
Ai tu não faças asneiras
Ai mulher, és o demónio
Ai que terrível tragédia
Ai a culpa é do António
Ai os ais de tanta gente
Ai que já é dia oito
Ai o que vai ser de nós
E os ais dos liriquistas
A chorar compreensão
Ai que vontade de rir
E os ais do D. Dinis
Ai Deus e u é
Triste de quem der um ai
Sem achar eco em ninguém
Os ais da vida e da morte
Ai os ais deste país!

Mendes de Carvalho

Armindo Mendes de Carvalho, nascido em Alcaíde, Beira Baixa, em 1927, e falecido em 1988, dividiu a sua obra literário entre a poesia, o teatro e a ficção.
Segundo David Mourão Ferreira, Mendes de Carvalho possuía um humor corrosivo que visava especialmente as instituições e determinados grupos sociais.
Do seu legado destacam-se obras como “Camaleões e Altifalantes” – 1963; “Cantigas de Amor e Maldizer” – 1966; Poemas de Ponta e Mola – 1975, entre muitas outras.


Mário Viegas (António Mário Lopes Pereira Viegas) nascido em Santarém a 10 de Novembro de 1948 e falecido em Lisboa a 1 de Abril de 1996, foi um actor e encenador português.
Foi reconhecido como um dos melhores actores da sua geração, chegando mesmo a receber um prémio como “Melhor actor”, em 1987.
Fundou três companhias de teatro; foi actor regular no cinema, tendo participado em mais de quinze filmes.
Fez também televisão, destacando-se em duas séries de programas sobre poesia.
Destacou-se, ainda, como declamador. Em minha opinião nesta sua faceta apenas foi suplantado pelo incomparável João Villaret, que considero o maior declamador de todos os tempos.

Mário Viegas
10.11.1948 – 01.04.1996

quarta-feira, 30 de junho de 2010

FELICIDADE ?

Seguindo a sugestão da Amiga Ana, do
AVE SEM ASAS
feita no comentário ao post anterior partilho convosco mais um poema de Maispa (a Ana é uma poetisa que muito admiro e a quem homenageio com esta postagem)

FELICIDADE ?

Não estava habituada a tê-la aqui.
De tal modo que, a princípio,
Nem a reconheci…

Veio sorrateira
Um largo sorriso no rosto
Uma auréola de luz a envolvê-la.

Pé ante pé aproximou-se,
Abraçou-me com doçura,
E murmurou-me ao ouvido:
- Cheguei!

Olhei-a nos olhos.
Mas quem és tu? – perguntei.

Eu sou a felicidade – respondeu-me.
Não te lembras de mim?

- Não! Nunca te vi…

Maispa
Luz

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SE ME QUERES NAMORAR


SE QUERES NAMORAR COMIGO

Se queres namorar comigo
Tens que dizer que me amas
Vem ter comigo ao postigo
Cuidado com as más famas

É que nos becos da rua
Eu não quero namorar
Porque o olhar da lua
Passa a vida a espreitar.

Linguareira como ela
Não conheço outra igual
E quando a noite é mais bela
A lua tem ar real.

Que protege os namorados
Dizem alguns. Mas que tolos
Só mesmo os enamorados
P’ra imaginarem tais dolos

A noite está p’ra acabar
E tu não mais apareces
Vou-me embora, vou deitar
De mim não contes com preces.

Vou rezar ao Pai do Céu
Por coisa que valha a pena
Contigo deu o que deu…
Lá se foi a noite amena.

Adeus amigo do peito
Um dia te encontrarei
E se tiveres outro jeito
No teu caso eu pensarei.

Maispa
Luz

terça-feira, 1 de junho de 2010

DIA DA CRIANÇA



CRIANÇA!

Humberto Rodrigues Neto

Criança, doce e meiga criatura,
a exibir-nos um riso encantador,
vejo em teu rosto a exata miniatura
da face angélica do Criador!

Nem imaginas o quão espinhosa
é a missão que o Senhor a ti confia,
cada criatura tornar mais bondosa
e a vida do planeta mais sadia.

Varrer do clima os ares pestilentos,
aos rios legar toda pureza d'antes,
nos descampados replantar rebentos
em restos de floresta agonizantes!

Gerir o Estado com honestidade,
co'a violência não ter contemplação,
às drogas dar combate sem piedade,
banindo o tráfico com férrea mão!

Afronta, pois, criança, essa missão
que o Senhor do Universo te outorgou,
e que possa alcançar tua geração
tudo aquilo em que a nossa fracassou!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A SENHORA DE BRABANTE

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A senhora duquesa de Brabante Musicians Available
(LIGUE O SOM ACIMA E ACOMPANHE A SUA LEITURA DO POEMA COM A VOZ DE JOÃO VILLARET)
A SENHORA DE BRABANTE

Gomes Leal

Tem um leque de plumas gloriosas

Na sua mão macia e cintilante
De anéis de pedras finas, preciosa,
A senhora duquesa de Brabante.

Numa cadeira de espaldar doirado
Escuta os galanteios dos barões.
É noite. E sob o azul morno e calado
Concebem os jasmins e os corações.

Recorda o senhor bispo acções passadas,
Falam damas de jóias e cetins

Tratam barões de festas e caçadas
À moda goda, aos toques de clarins.

Mas a duquesa é triste.
Oculta mágoa Vela seu rosto de um solene véu.
Ao luar, sob os tanques, chora a água.

Cantando, rouxinóis, Lembram o céu.

Dizem as lendas que satã,
Vestido de uma armadura Feita de um brilhante,
Ousou falar do seu amor florido
À senhora duquesa de Brabante.

Dizem que o viram ao luar, nas águas,
Mais loiro do que o sol, marmóreo e lindo,
Tirar duma viola estranhas mágoas,
Pela noite em que os cravos vem abrindo

Dizem mais !
Que na seda das varetas
Do seu leque ducal de mil matizes,
Satã cantara as suas tranças pretas
E os seus olhos mais fundos que raízes.
Mas a duquesa é triste!

Oculta mágoa
Vela seu rosto de um solene véu.

Ao luar, sob os tanques, chora a
água.
Cantando, rouxinóis,
Lembram o céu.

O que é certo é que a pálida senhora,
A transcendente dama de Brabante,
Tem um filho horroroso!

E de quem cora o pai, no escuro,
Passeando errante.


É um filho horroroso e jamais visto,
Raquítico, disforme, excepcional.
Todo disforme, excêntrico, malquisto,
Pêlos de fera e uivos de animal.

Parece irmão dos cerdos e dos ursos,
Aborto e horror da brava natureza!
Em vão tentam barões, com mil discursos,
Desenrugar a fronte da duquesa…

Sempre a duquesa é triste!
Oculta mágoa vela seu rosto
De um solene véu.
Ao luar, sob os tanques,

Chora a água.
Cantando, rouxinóis lembram o céu.

Ora o monstro morreu!

Pelas arcadas do palácio
Retinem festas, hinos,
Riem nobres vilões pelas estradas.
O próprio pai se ri, ouvindo os sinos.

Riem vilões trigueiros das charruas,
Riem-se monges pelo claustro antigo,
Riem-se nobres e peões nas ruas
Riem-se padres junto ao seu jazig
o

Passeiam velhas damas no terraço,
Nos pátios os truões riem, também.
Passeia o duque, rindo, pelos paços,
Só chora o filho, em alto choro, a mãe.

Só! Sobre o esquife do disforme morto
Chora, sem trégua, a mísera mulher.
Chama os nomes mais ternos ao aborto.
Mesmo assim feio, a triste mãe o quer.

Só ela chora pelo morto.
A mágoa lhe arranca gritos
Que ninguém mais de
u!

Ao luar, sob os tanques,
Chora a água.
Cantando, rouxinóis, lembram o céu!

Gomes Leal

06.06.1848 – 29.01.1921

(António Duarte)Gomes Leal nasceu em Lisboa, foi um poeta e crítico literário português.
Filho natural de João António Gomes Leal, funcionário da Alfândega, e de Henriqueta Fernandina Monteiro Alves Cabral Leal, frequentou o Curso Superior de Letras, mas não o concluiu, empregando-se como escrevente de um notário de Lisboa.
Foi um dos fundadores do jornal "O Espectro de Juvenal" (1872) e do jornal "O Século" (1881), tendo colaborado também na Gazeta de Portugual, Revolução de Setembro e Diário de notícias. A sua obra insere-se nas correntes ultra-romântica, parnasiana, simbolista e decadentista.

sábado, 8 de maio de 2010

DIA DAS MÃES NO BRASIL

No segundo Domingo de Maio, que neste ano de 2010 calha no dia 9, comemora-se no Brasil o “Dia das Mães”.
A minha homenagem às Mães brasileiras é prestada com a publicação dum poema dum prestigiado poeta brasileiro, o meu grande amigo Humberto-Poeta.

MÃE!

Humberto Rodrigues Neto

Tu foste, mãe, na treva a claridade,
na dor meu riso e na tormenta o norte,
a doce companheira e a consorte
das minhas horas de infelicidade!

Que anjo não foste, toda vez que a sorte
não me sorriu! E com que imensidade
de amor, desvelo e angelical bondade

tu me ensinaste a ser paciente e forte!

E hoje a alegria anda a sorrir nos ares...
é o “Dia das Mães” numa porção de lares

e eu vou fingindo que inda o comemoro!

Mas teu espírito, a me amar afeito,
vem doer tão docemente no meu peito,

que eu cerro os olhos... pendo a fronte... e choro!


.....00O00.....

Humberto-Poeta


.....00O00.....

Como um singelo tributo a todas as minhas amigas - Avós, Mães, Filhas e Netas… - independentemente da sua nacionalidade, ofereço este selinho comemorativo do Dia das Mães, que só agora consegui completar.
Com ele vai todo o meu carinho.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

DIA DA MÃE

No Dia da Mãe, nalguns países chamado de “Dia das Mães”, instituiu-se o hábito de homenagear a Mãe, cada um a sua em particular, e todas de um modo geral.
Escrevem-se bonitos textos, compõem-se maravilhosos poemas, todos os filhos querendo presentear a “sua” Mãe da melhor forma possível.
Oferecem-lhe uns versos, uma flor, um qualquer presente.
A Mãe é rainha nesse dia que lhe é dedicado.
Contudo, há Mães que não sabem o que é receber um presente dos seus filhos, simplesmente porque eles ignoram que esse dia existe.
A essas heroínas anónimas, essas “Mães Especiais” dedico estas singelas palavras, e para elas elevo, neste momento, o meu pensamento solidário.
É esse mesmo pensamento que me leva a partilhar convosco este “tristemente belo” poema do meu amigo Humberto-Poeta.

Mães Especiais

Humberto Rodrigues Neto

Nos longos vãos dos corredores, ou nos bancos
lá da AACD, mães fatigadas, mas serenas,
ao peito arrimam, sejam claras ou morenas,
míseros filhos mutilados... tortos... mancos!


Precoces rugas pela face... Alguns fios brancos
entre os cabelos, não refletem mais que amenas
e leves provas ante as mudas e árduas penas
de ver um filho se arrastando aos solavancos!


Mas em nenhuma, cujo filho é a inglória palma,
a gente nota um leve ar de oculto pranto,
mesmo um gemido a perturbar-lhe a altiva calma!


É que aos pequenos deficientes Deus quer tanto
que os não confia a quem não traga dentro d'alma
o amor sem termo que há num mártir ou num santo!

* * *
AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente

domingo, 25 de abril de 2010

25 DE ABRIL – DIA DA LIBERDADE

25 DE ABRIL – DIA DA LIBERDADE



PARA QUE AS MEMÓRIAS NÃO ESQUEÇAM:



Era de noite e levaram
Era de noite e levaram
Quem nesta cama dormia
Nela dormia, nela dormia

Sua boca amordaçaram
Sua boca amordaçaram
Com panos de seda fria
De seda fria, de seda fria

Era de noite e roubaram
Era de noite e roubaram
O que na casa havia
na casa havia, na casa havia

Só corpos negros ficaram
Só corpos negros ficaram
Dentro da casa vazia
casa vazia, casa vazia

Rosa branca, rosa fria
Rosa branca, rosa fria
Na boca da madrugada
Da madrugada, da madrugada

Hei-de plantar-te um dia
Hei-de plantar-te um dia
Sobre o meu peito queimada
Na madrugada, na madrugada


Luís Pignatelli e Zeca Afonso

Luís Pignatelli (pseudónimo literário de Luís Oliveira de Andrade) nasceu em Espinho a 1 de Janeiro de 1935 e morreu em Lisboa a 20 de Dezembro de 1993.

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, mais conhecido por José Afonso ou Zeca Afonso, nasceu em Aveiro a 2 de Agosto de 1929 e faleceu em Setúbal a 23 de Fecereiro de 1987

quarta-feira, 21 de abril de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (V)

(Foto minha)
ESPARSA SUA AO DESCONCERTO DO MUNDO

(Poema satírico)

Luis Vaz de Camões

Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau; mas fui castigado.
Assim que só para mim
Anda o mundo consertado.
Luís Vaz de Camões nasceu em 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá.
Faleceu em 10 de Junho de 1580

quinta-feira, 8 de abril de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (IV)

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BEIJOS
(Poema erótico)

Deixa que eu beije tuas orelhas, teus cabelos,
a fronte, os olhos, as tuas mãos e os antebraços;
quero o teu ventre e os teus quadris em beijos tê-los,
e em beijos ter as tuas pernas e os teus braços!

Do dorso às nalgas, do pescoço aos cotovelos,
do ombro aos seios, que não restem leves traços
do que eu não beije... a boca, os pés e os tornozelos
deixa-me encher de beijos puros ou devassos!

Que em teus joelhos e em tuas coxas meus desejos
jamais encontrem empecilho em que os encubes,
e expostos fiquem dos meus lábios aos adejos!

Mas, pelos Deuses! Por Osíris! Por Anúbis!
deixa-me pôr o mais ardente dos meus beijos
no teu vestíbulo do céu, ao sul do púbis!



Humberto Poeta


Humberto-Poeta fala de si:
Meu nome: Humberto Rodrigues Neto - nick - Humberto – Poeta
Nasci em São Paulo, Brasil, a 11 de novembro de 1935
Escrevo desde 1948 - estilo de minha escrita: Parnasiano
Meus poetas preferidos; Olavo Bilac - Guilherme de Almeida - Cruz e Souza - Vicente de Carvalho - Florbela Espanca

quarta-feira, 24 de março de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (III)

CAIR DO ALTO

(Poema Satírico)

E ficou com as mãos pousadas no teclado,
Esquecida, a cismar num mundo de riqueza:
Supunha-se num baile, um conde apaixonado
Segredava-lhe: «Adoro-a!… Eu mato-me, marquesa!…»

Ah! se fosse fidalga!… Ao menos baronesa…
Que baile! que esplendor na noite de noivado!…
Estremeceu, nervosa, achou-se na pobreza,
E o piano soltou um grito arrepiado.

Absorvida outra vez, prendeu-se-lhe o sentido
À mesma ideia – o luxo. Ia comprar cautelas…
E imaginou de novo o conde enfurecido…

Um palácio, um coupé, esplêndidos cavalos…
Nisto o marido entrou, de óculos e chinelas,
E miou com ternura: — «Anda aparar-me os calos».

Garcia Monteiro - Poeta do Séc. XIX
1859 - 1913


Manuel Garcia Monteiro (1859-1913) nasceu na cidade da Horta, ilha do Faial, Açores.
Devido a dificuldades económicas, parte para Lisboa arranjando um lugar como prefeito num colégio e estudando na Escola Politécnica. Por questões de saúde, vê-se obrigado a regressar aos Açores.
Em 1883 funda o jornal O Açoriano, dedicando-se inteiramente ao jornalismo. Nove meses depois, parte para os Estados Unidos da América a tentar a sorte.
Fixa-se em Boston, trabalhando como tipógrafo e continuando os estudos. Forma-se em Medicina, que exerce nos E.U.A., e colabora em várias publicações nacionais e estrangeiras.

Suas obras:
- Versos - 1894
- Rimas de Ironia Alegre - 1896

quarta-feira, 10 de março de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (II)

DELÍRIO
(Poema erótico)
Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frémitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....

Olavo Bilac


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu em 16 de Dezembro de 1865 no Rio de Janeiro, onde faleceu em 28 de Dezembro de 1918.
Foi jornalista e poeta e membro fundador da Academia Brasileira de Letras.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (I)

SEGUNDA
(Poema erótico)
Quando foi que demorei os olhos
sobre os seios nascendo debaixo das blusas,
das raparigas que vinham, à tarde, brincar comigo?...
... Como nasci poeta,
devia ter sido muito antes que as mães se apercebessem disso
e fizessem mais largas as blusas para as suas meninas.
Quando, não sei ao certo.

Mas a história dos peitos, debaixo das blusas,
foi um grande mistério.
Tão grande
que eu corria até ao cansaço.
E jogava pedradas a coisas impossíveis de tocar,
como sejam os pássaros quando passam voando.
E desafiava,
sem razão aparente,
rapazes muito mais velhos e fortes!
E uma vez,
de cima de um telhado,
joguei uma pedrada tão certeira,
que levou o chapéu do senhor administrador!
Em toda a vila,
se falou, logo, num caso de política;
o senhor administrador
mandou vir, da cidade, uma pistola,
que mostrava, nos cafés, a quem a queria ver;
e os do partido contrário,
deixaram crescer o musgo nos telhados
com medo daquela raiva de tiros para o céu...

Tal era o mistério dos seios nascendo debaixo das blusas!

Manuel da Fonseca


Manuel Lopes Fonseca, comummente conhecido como Manuel da Fonseca[1] (Santiago do Cacém, 15 de Outubro de 1911 — 11 de Março de 1993) foi um escritor (poeta, contista, romancista e cronista) português.
Membro do Partido Comunista Português (PCP), Manuel da Fonseca fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores escritores do neo-realismo português. Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos alentejanos.
Deixou vasta obra poética e romances de ficção.
Era presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luuanda, o que levou ao encerramento desta instituição.
Em sua homenagem, a escola secundária de Santiago do Cacém, chama-se "Escola Secundária Manuel da Fonseca".

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CICLO DAS ÁRVORES (FINAL)

Árvores do Alentejo

Florbela Espanca

Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol pesponta
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

Florbela Espanca


Florbela Espanca nasceu no Alentejo, em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894.
Faleceu em Matosinhos em Dezembro de 1930

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CICLO DAS ÁRVORES (CONTINUAÇÃO)

Árvores
Olavo Bilac

“Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:

Tanto m
ais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…


O homem, a fera, e o insecto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!”

Olavo Bilac



Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu em 16 de Dezembro de 1865 no Rio de Janeiro, onde faleceu em 28 de Dezembro de 1918.
Foi jornalista e poeta e membro fundador da Academia Brasileira de Letras.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CICLO DAS ÁRVORES

No meu blog HISTÓRIAS DE ENCANTAR iniciei o ano com um post dedicado à Natureza.

Aqui vou seguir essa mesma linha de pensamento, homenageando a Natureza numa das suas mais expressivas e importantes componentes: as Árvores.

Vou dedicar-lhes três poemas, a que chamarei “Ciclo das Árvores”.
O primeiro, que se segue, é da autoria daquele que considero o Poeta Maior da poesia portuguesa: Luís de Camões.
Os outros dois poemas serão publicados nas próximas semanas.

Árvores
Luís Vaz de Camões

Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;

Nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de arte seja extinta
a cor, que está teu fruto debuxando.

Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

Se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.
Luis Vaz de Camões
Luís Vaz de Camões nasceu em 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá.
Faleceu em 10 de Junho de 1580