E EIS QUE, TENDO DEUS DESCANSADO NO SÉTIMO DIA, OS POETAS CONTINUARAM A OBRA DO CRIADOR.
(MÁRIO QUINTANA)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

QUE MÚSICA ESCUTAS TÃO ATENTAMENTE?




QUE MÚSICA ESCUTAS TÃO ATENTAMENTE?

EUGÉNIO DE ANDRADE


Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?

Que bosque, ou rio, ou mar?


Ou é dentro de ti

que tudo canta ainda?

Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,

mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.

Deixa-te estar assim,

ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia

que nem dás por mim...


Medo de quebrar o fio

com que teces os dias sem memória.


Com que palavras ou beijos
ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente,

no meio de sombras?

EUGÉNIO DE ANDRADE




EUGÉNIO DE ANDRADE
Pseudônimo de José Fontinhas Rato.
Poeta português nascido na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923.
Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

(IN) DIREITOS HUMANOS


(IN)DIREITOS HUMANOS

Carmo Vasconcelos
***
Quanta esperança esse justo enunciado
Trouxe ao Homem mais desfavorecido
Num maná de direitos prometido
Depois de longas eras aviltado

Um halo novo iluminou as mentes
Almas rejubilaram de euforia
Corações se inflamaram de utopia
Que homens inda há, puros e crentes

Porém a vilania dos dementes,
De poder e ambição gananciosos,
Faz-se cega aos direitos proclamados

Sobra calçada prós desalojados
Farta é a bolsa dos pecaminosos
E abunda a fome sobre os indigentes

***
(Na comemoração dos 60 anos dos Direitos Humanos
In Grupo Ecos da Poesia)
Dezº/10/2008

Carmo Vasconcelos

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ILUSÕES DO AMANHÃ

ILUSÕES DO AMANHÃ

'Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?

Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja p’ra você.

Mas às vezes você parece me ignorar,
Sem nem ao menos me olhar,
Me machucando p’ra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr...

Eu vou me achar, p’ra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente p’ra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.

Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caiam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.

Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor.'
PRÍNCIPE POETA
(Alexandre Lemos - APAE)


Recebi, com pedido de divulgação, de um amigo brasileiro.

Este poema foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade, de “excepcional”…
Excepcional é a sua sensibilidade!
Ele tem 28 anos, com idade mental de 15.
Eu peço que divulguem, para prestigiá-lo. Se uma pessoa assim acredita tanto no amor, porquê as pessoas que se dizem normais se fazem de indiferentes?

OBS.
Porque acho de toda a justiça fazê-lo, resolvi publicá-lo aqui, iniciando (ou continuando, assim) uma corrente de solidariedade para com a APAE.

E porque haverá muitas pessoas, principalmente entre os portugueses, que desconhecem o que seja a APAE (eu desconhecia o significado da sigla), veja a informação que consegui colher:

Quando nasceu era:
Associação Paulista de Amparo ao Excepicional

Hoje é
Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais

Mas, sempre , sempre mesmo, foi uma instituição muito séria e dedicada ao axilio do excepcional

Um grande trabalho. Uma grande obra, com objetivos definidos e nobres e honestos ao extremo.

Se puderem ajudem e tenham a mais absoluta certeza de estarem contribuindo para uma obra séria, composta por gente dedicada que não mede esforços para atingir o seu objetivo de
ajudar, ajudar, ajudar até o esgotamento físico e mental.

APAE uma obra cristã. Um orgulho nacional VIVA A APAE

Obs. ( não é só com dinheiro que se ajuda a obras desse tipo, pois eles necessitam de gente, de idéias, de dedicação, de um envolvimento popular, de nossa simpatia e adesão.)

sábado, 10 de janeiro de 2009

BICHO-AMOR


BICHO-AMOR
Carmo Vasconcelos


Há uma dor perfurante no meu peito
Espinho que fere mas não deita sangue
Verme oculto o bebe e me deixa exangue
Ao nutrir-se de insónias no meu leito

Bicho-amor insistente na porfia
Mói-me as entranhas quando desatina
Meus nervos consome, as forças me mina
E ao mesmo tempo é bem que acaricia

Tento acalmá-lo com a voz de quem
De longe rasga versos escarlate
Mimos d’enlace em rendas de açafate...

Mas pede mais... Voraz, não se contém
Devora-me alma e sangue, não fraqueja
Na gula desse par - amor que almeja

***
Lisboa/Portugal
Dezº/2008
*

Carmo Vasconcelos, nome literário de Maria do Carmo Fernandes de Vasconcelos Figueiredo, é natural de Lisboa.
É autora do livro de poemas “Geometrias Intemporais”, publicado em 2000, e de outros, de poemas – “Memorandum de Fogo”, “Despida de Segredos” e “Ecos do Infinito” - assim como do romance “O Vértice luminoso da Pirâmide” - aguardando publicação.
Pela sua participação em vários Jogos Florais teve o privilégio de ganhar numerosos prémios e menções honrosas.

sábado, 3 de janeiro de 2009

ANO NOVO

ANO NOVO
Maria Lucia Victor


Voem os sonhos livres
nos céus da imaginação
onde se possa ser pássaro ou flor.
Fique o amor em vez da dor.
A esperança que renasce criança.
Toquem os sinos
em campanários de outrora.
Brilhe o sol anunciando a aurora.
Dissipem-se as sombras
na luz mais brilhante
do raiar de um novo ano.
Armem-se os espíritos de coragem.
Na voragem do tempo
tudo vai recomeçar.
É hora de plantar
na nova estação da vida.

28/12/2008

Por cortesia da minha amiga Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga, com vários livros publicados, e poetisa nas horas vagas