E EIS QUE, TENDO DEUS DESCANSADO NO SÉTIMO DIA, OS POETAS CONTINUARAM A OBRA DO CRIADOR.
(MÁRIO QUINTANA)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A SENHORA DE BRABANTE

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A senhora duquesa de Brabante Musicians Available
(LIGUE O SOM ACIMA E ACOMPANHE A SUA LEITURA DO POEMA COM A VOZ DE JOÃO VILLARET)
A SENHORA DE BRABANTE

Gomes Leal

Tem um leque de plumas gloriosas

Na sua mão macia e cintilante
De anéis de pedras finas, preciosa,
A senhora duquesa de Brabante.

Numa cadeira de espaldar doirado
Escuta os galanteios dos barões.
É noite. E sob o azul morno e calado
Concebem os jasmins e os corações.

Recorda o senhor bispo acções passadas,
Falam damas de jóias e cetins

Tratam barões de festas e caçadas
À moda goda, aos toques de clarins.

Mas a duquesa é triste.
Oculta mágoa Vela seu rosto de um solene véu.
Ao luar, sob os tanques, chora a água.

Cantando, rouxinóis, Lembram o céu.

Dizem as lendas que satã,
Vestido de uma armadura Feita de um brilhante,
Ousou falar do seu amor florido
À senhora duquesa de Brabante.

Dizem que o viram ao luar, nas águas,
Mais loiro do que o sol, marmóreo e lindo,
Tirar duma viola estranhas mágoas,
Pela noite em que os cravos vem abrindo

Dizem mais !
Que na seda das varetas
Do seu leque ducal de mil matizes,
Satã cantara as suas tranças pretas
E os seus olhos mais fundos que raízes.
Mas a duquesa é triste!

Oculta mágoa
Vela seu rosto de um solene véu.

Ao luar, sob os tanques, chora a
água.
Cantando, rouxinóis,
Lembram o céu.

O que é certo é que a pálida senhora,
A transcendente dama de Brabante,
Tem um filho horroroso!

E de quem cora o pai, no escuro,
Passeando errante.


É um filho horroroso e jamais visto,
Raquítico, disforme, excepcional.
Todo disforme, excêntrico, malquisto,
Pêlos de fera e uivos de animal.

Parece irmão dos cerdos e dos ursos,
Aborto e horror da brava natureza!
Em vão tentam barões, com mil discursos,
Desenrugar a fronte da duquesa…

Sempre a duquesa é triste!
Oculta mágoa vela seu rosto
De um solene véu.
Ao luar, sob os tanques,

Chora a água.
Cantando, rouxinóis lembram o céu.

Ora o monstro morreu!

Pelas arcadas do palácio
Retinem festas, hinos,
Riem nobres vilões pelas estradas.
O próprio pai se ri, ouvindo os sinos.

Riem vilões trigueiros das charruas,
Riem-se monges pelo claustro antigo,
Riem-se nobres e peões nas ruas
Riem-se padres junto ao seu jazig
o

Passeiam velhas damas no terraço,
Nos pátios os truões riem, também.
Passeia o duque, rindo, pelos paços,
Só chora o filho, em alto choro, a mãe.

Só! Sobre o esquife do disforme morto
Chora, sem trégua, a mísera mulher.
Chama os nomes mais ternos ao aborto.
Mesmo assim feio, a triste mãe o quer.

Só ela chora pelo morto.
A mágoa lhe arranca gritos
Que ninguém mais de
u!

Ao luar, sob os tanques,
Chora a água.
Cantando, rouxinóis, lembram o céu!

Gomes Leal

06.06.1848 – 29.01.1921

(António Duarte)Gomes Leal nasceu em Lisboa, foi um poeta e crítico literário português.
Filho natural de João António Gomes Leal, funcionário da Alfândega, e de Henriqueta Fernandina Monteiro Alves Cabral Leal, frequentou o Curso Superior de Letras, mas não o concluiu, empregando-se como escrevente de um notário de Lisboa.
Foi um dos fundadores do jornal "O Espectro de Juvenal" (1872) e do jornal "O Século" (1881), tendo colaborado também na Gazeta de Portugual, Revolução de Setembro e Diário de notícias. A sua obra insere-se nas correntes ultra-romântica, parnasiana, simbolista e decadentista.

sábado, 8 de maio de 2010

DIA DAS MÃES NO BRASIL

No segundo Domingo de Maio, que neste ano de 2010 calha no dia 9, comemora-se no Brasil o “Dia das Mães”.
A minha homenagem às Mães brasileiras é prestada com a publicação dum poema dum prestigiado poeta brasileiro, o meu grande amigo Humberto-Poeta.

MÃE!

Humberto Rodrigues Neto

Tu foste, mãe, na treva a claridade,
na dor meu riso e na tormenta o norte,
a doce companheira e a consorte
das minhas horas de infelicidade!

Que anjo não foste, toda vez que a sorte
não me sorriu! E com que imensidade
de amor, desvelo e angelical bondade

tu me ensinaste a ser paciente e forte!

E hoje a alegria anda a sorrir nos ares...
é o “Dia das Mães” numa porção de lares

e eu vou fingindo que inda o comemoro!

Mas teu espírito, a me amar afeito,
vem doer tão docemente no meu peito,

que eu cerro os olhos... pendo a fronte... e choro!


.....00O00.....

Humberto-Poeta


.....00O00.....

Como um singelo tributo a todas as minhas amigas - Avós, Mães, Filhas e Netas… - independentemente da sua nacionalidade, ofereço este selinho comemorativo do Dia das Mães, que só agora consegui completar.
Com ele vai todo o meu carinho.