E EIS QUE, TENDO DEUS DESCANSADO NO SÉTIMO DIA, OS POETAS CONTINUARAM A OBRA DO CRIADOR.
(MÁRIO QUINTANA)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

DIA DA MÃE

No Dia da Mãe, nalguns países chamado de “Dia das Mães”, instituiu-se o hábito de homenagear a Mãe, cada um a sua em particular, e todas de um modo geral.
Escrevem-se bonitos textos, compõem-se maravilhosos poemas, todos os filhos querendo presentear a “sua” Mãe da melhor forma possível.
Oferecem-lhe uns versos, uma flor, um qualquer presente.
A Mãe é rainha nesse dia que lhe é dedicado.
Contudo, há Mães que não sabem o que é receber um presente dos seus filhos, simplesmente porque eles ignoram que esse dia existe.
A essas heroínas anónimas, essas “Mães Especiais” dedico estas singelas palavras, e para elas elevo, neste momento, o meu pensamento solidário.
É esse mesmo pensamento que me leva a partilhar convosco este “tristemente belo” poema do meu amigo Humberto-Poeta.

Mães Especiais

Humberto Rodrigues Neto

Nos longos vãos dos corredores, ou nos bancos
lá da AACD, mães fatigadas, mas serenas,
ao peito arrimam, sejam claras ou morenas,
míseros filhos mutilados... tortos... mancos!


Precoces rugas pela face... Alguns fios brancos
entre os cabelos, não refletem mais que amenas
e leves provas ante as mudas e árduas penas
de ver um filho se arrastando aos solavancos!


Mas em nenhuma, cujo filho é a inglória palma,
a gente nota um leve ar de oculto pranto,
mesmo um gemido a perturbar-lhe a altiva calma!


É que aos pequenos deficientes Deus quer tanto
que os não confia a quem não traga dentro d'alma
o amor sem termo que há num mártir ou num santo!

* * *
AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente

domingo, 25 de abril de 2010

25 DE ABRIL – DIA DA LIBERDADE

25 DE ABRIL – DIA DA LIBERDADE



PARA QUE AS MEMÓRIAS NÃO ESQUEÇAM:



Era de noite e levaram
Era de noite e levaram
Quem nesta cama dormia
Nela dormia, nela dormia

Sua boca amordaçaram
Sua boca amordaçaram
Com panos de seda fria
De seda fria, de seda fria

Era de noite e roubaram
Era de noite e roubaram
O que na casa havia
na casa havia, na casa havia

Só corpos negros ficaram
Só corpos negros ficaram
Dentro da casa vazia
casa vazia, casa vazia

Rosa branca, rosa fria
Rosa branca, rosa fria
Na boca da madrugada
Da madrugada, da madrugada

Hei-de plantar-te um dia
Hei-de plantar-te um dia
Sobre o meu peito queimada
Na madrugada, na madrugada


Luís Pignatelli e Zeca Afonso

Luís Pignatelli (pseudónimo literário de Luís Oliveira de Andrade) nasceu em Espinho a 1 de Janeiro de 1935 e morreu em Lisboa a 20 de Dezembro de 1993.

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, mais conhecido por José Afonso ou Zeca Afonso, nasceu em Aveiro a 2 de Agosto de 1929 e faleceu em Setúbal a 23 de Fecereiro de 1987

quarta-feira, 21 de abril de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (V)

(Foto minha)
ESPARSA SUA AO DESCONCERTO DO MUNDO

(Poema satírico)

Luis Vaz de Camões

Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau; mas fui castigado.
Assim que só para mim
Anda o mundo consertado.
Luís Vaz de Camões nasceu em 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá.
Faleceu em 10 de Junho de 1580

quinta-feira, 8 de abril de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (IV)

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BEIJOS
(Poema erótico)

Deixa que eu beije tuas orelhas, teus cabelos,
a fronte, os olhos, as tuas mãos e os antebraços;
quero o teu ventre e os teus quadris em beijos tê-los,
e em beijos ter as tuas pernas e os teus braços!

Do dorso às nalgas, do pescoço aos cotovelos,
do ombro aos seios, que não restem leves traços
do que eu não beije... a boca, os pés e os tornozelos
deixa-me encher de beijos puros ou devassos!

Que em teus joelhos e em tuas coxas meus desejos
jamais encontrem empecilho em que os encubes,
e expostos fiquem dos meus lábios aos adejos!

Mas, pelos Deuses! Por Osíris! Por Anúbis!
deixa-me pôr o mais ardente dos meus beijos
no teu vestíbulo do céu, ao sul do púbis!



Humberto Poeta


Humberto-Poeta fala de si:
Meu nome: Humberto Rodrigues Neto - nick - Humberto – Poeta
Nasci em São Paulo, Brasil, a 11 de novembro de 1935
Escrevo desde 1948 - estilo de minha escrita: Parnasiano
Meus poetas preferidos; Olavo Bilac - Guilherme de Almeida - Cruz e Souza - Vicente de Carvalho - Florbela Espanca