E EIS QUE, TENDO DEUS DESCANSADO NO SÉTIMO DIA, OS POETAS CONTINUARAM A OBRA DO CRIADOR.
(MÁRIO QUINTANA)

quarta-feira, 24 de março de 2010

CICLO DE POESIA ERÓTICO/SATÍRICA (III)

CAIR DO ALTO

(Poema Satírico)

E ficou com as mãos pousadas no teclado,
Esquecida, a cismar num mundo de riqueza:
Supunha-se num baile, um conde apaixonado
Segredava-lhe: «Adoro-a!… Eu mato-me, marquesa!…»

Ah! se fosse fidalga!… Ao menos baronesa…
Que baile! que esplendor na noite de noivado!…
Estremeceu, nervosa, achou-se na pobreza,
E o piano soltou um grito arrepiado.

Absorvida outra vez, prendeu-se-lhe o sentido
À mesma ideia – o luxo. Ia comprar cautelas…
E imaginou de novo o conde enfurecido…

Um palácio, um coupé, esplêndidos cavalos…
Nisto o marido entrou, de óculos e chinelas,
E miou com ternura: — «Anda aparar-me os calos».

Garcia Monteiro - Poeta do Séc. XIX
1859 - 1913


Manuel Garcia Monteiro (1859-1913) nasceu na cidade da Horta, ilha do Faial, Açores.
Devido a dificuldades económicas, parte para Lisboa arranjando um lugar como prefeito num colégio e estudando na Escola Politécnica. Por questões de saúde, vê-se obrigado a regressar aos Açores.
Em 1883 funda o jornal O Açoriano, dedicando-se inteiramente ao jornalismo. Nove meses depois, parte para os Estados Unidos da América a tentar a sorte.
Fixa-se em Boston, trabalhando como tipógrafo e continuando os estudos. Forma-se em Medicina, que exerce nos E.U.A., e colabora em várias publicações nacionais e estrangeiras.

Suas obras:
- Versos - 1894
- Rimas de Ironia Alegre - 1896

19 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida
Maravilhoso seu poema...adorei.

Beijinhos
Sonhadora

María disse...

Muchas gracias por devolverme la visita, y por dejar tu amable huella en mi blog.

Me encantó que me invitaras a tu blog de poemas, me quedo viéndolo.

Un beso.

Daniela disse...

oii!
vc como sempre dando uma aula de literatura nee!

adorooo²²

beijinhoss
não me deixa tá!
:S

até

Luis disse...

Querida Amiga Mariazita,
Quem muito sonha nas alturas cai no fundo quando acorda.Poema que gostei pela forma satírica como apresenta esta ideia.
Um beijinho amigo.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga Mariazita,

Já cá estive sim, veja que sou sua seguidora...venho é poucas vezes, desculpe!
O tempo não me tem chegado para tudo, nem para as amigas mais próximas que tanto admiro.
Terei mais tempo brevemente.
Depois do Limpar Portugal, ainda há o depois...hoje tive mais uma reunião na Câmara e criei mais um Blogue que ajudará, espero muito), a cuidar do após e a manter o que se limpou limpo.

Quanto ao seu trabalho, e foi por isso que cá vim, achei mesmo o máximo...hilariante.
E é assim que muitos maridos perdem o encanto :))))))))))))))
Beijinhos

Unknown disse...

Não sei porque o poema é satírico.
Quando as pessoas não podem ter aquilo que gostariam sonham e são felizes à sua maneira.
A menina até adormeceu ao piano.
Como era gostoso este sonho.

Mª João C.Martins disse...

Mariazita

Tantas vezes o sonho se desfaz na última página da partitura de um solo de piano... tantas vezes...

Um beijinho minha amiga

Desnuda disse...

Tadinhaaaaaaaaa Mariazita! So lhe resta mesmo sonhar, como uma Cinderela! Que vida de Gata Borralheira !


Beijãoooooooooooo

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida Mariazita,

Claro que está :))))
Se eu a visitasse mais vezes nada disto aconteceria, mea culpa.

Quando se tiver um minuto visite o meu novíssimo - http://vncsemprelimpa.blogspot.com/ e diga-me algo.

Aceitam-se de bom grado colaboradores, seguidores e comentadores ;)))

Beijinhos e bom fim de semana, mas acho que ainda nos vemos por aí.

RENATA CORDEIRO disse...

Lindo, divino, maravilhoso! E o Noturno de Chopin é de uma delicadeza ímpar! Acompanha o poema muito bem! Parabéns, querida Mariazita!

Beijos mil duzentos e vinte e dois de primeiro de abril de 2010***************************

**********

*REFLEXO
Poema da Renata
Voltado para o rio
Espelha meu reflexo
Há sol nos meus olhos
Orvalho nos meus cabelos
Sobre um leito transparente
De espumas e rochedos
Numa doce manhã
Para-além dos caminhos
Do perfume inebriante
E o delicado das flores
Selvagens qual doce mel
Uma corrente comum desencadeada
Passa pelo traço da minha imagem
Quantas folhas douradas,
Decorando os bosques
As grandes árvores mostram sua perfeita silhueta
Ao doce reflexo da imagem cujos contornos
Me libertam dos pensamentos
Vivi intensamente*


+ uns besitos!
Thanks for everything, my dear!
Re.novada!

Daniel Costa disse...

Mariazira

Interessante, não só o poema satírico, muito a jeito de épocas recuadas, mas também ela biogtafia traçada.
Beijos
Daniel

Irene Moreira disse...

Amiga
Lindo poema. Nós mulheres somos eternas sonhadoras e só podiua ser o seu marido a fazer regressar ao cotidiano.

Beijos

luis lourenço disse...

esquecimento e riso. tropecei com um comentário seu no meu blogue, em que me convida a visitar o seu...já lá vai muito tempo...agora dei conta da minha falta...e abri seu site...muito interessante vc publicar poesia portuguesa e de alta qualidade...feliz ´Páscoa.

Meus cumprimentos.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida Mariazita,

Vim agradecer os seus parabéns e ainda o facto de me ter apoiado.

É nestas alturas que se conhecem os verdadeiros amigos e se percebe quem afinal nos diz coisas muitas lindas sobre o que escrevemos, mas na hora de estar lá... nada.
Sei que tenho muitos e verdadeiros amigas/os, mas poucos na Blogosfera.
Conversa muita, actos o que se sabe.

Estou muito feliz por a saber amiga de verdade.

Beijinhos,

Anónimo disse...

Uma feliz Páscoa minha querida.
beijokas.

luis lourenço disse...

mariazita!
voltei para te retribuir votos de uma Páscoa muito Feliz na companhia dos que te são queridos.

beijinhos.

Táxi Pluvioso disse...

Erótico é este frio que não nos deixa, curiosamente acende fogueiras.

Boa Páscoa

José Leite disse...

Agradeço e retribuo votos de Feliz páscoa!

vieira calado disse...

Muita coisa gira

se escrevia nesses tempos!

Beijinho para si