
Há dias, não sei porquê, esse poema veio-me à ideia. Resolvi investigar na Net e descobri o seu autor: Reinaldo Ferreira.
Partilho convosco este poema de que gosto imenso.
Sei que a ternura
Não é coisa que se peça
E dar-se, não significa
Que alguém a queira ou mereça
Estas verdades
Que são do senso comum
Não me dão conformação
Nem sentimento nenhum
De haver força e dignidade
Na minha sabedoria
Eu preferia
Sinceramente preferia
Que, contra as leis recolhidas
No que ficou
Dos destroços de outras vidas,
Tu me desses
A ternura que te peço
Ou que, por fim,
Reparasses que a mereço.
Reinaldo Ferreira

Teve uma vida breve e pouco bafejada pela sorte. Iniciou os estudos secundários em Espanha, tendo-os concluído já em Moçambique, onde se fixou. Colaborou em algumas publicações da antiga Lourenço Marques (actual Maputo).
A sua poesia só ficou conhecida aquando da publicação póstuma dos seus “Poemas”, em 1960.
(Poemas, Imprensa Nacional de Moçambique, Lourenço Marques, 1960)
Em 1966 uma segunda edição teve prefácio de José Régio que, tal como Vitorino Nemésio, lhe teceu grandes elogios.
O seu legado como poeta é muito reduzido, não só porque a sua vida foi muito curta mas também porque o seu verdadeiro interesse era o teatro. Muito seria de esperar neste capítulo, mas para tanto lhe foi pouca a vida.